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Cientistas mais perto de saberem quais os animais que estarão em perigo devido às alterações climáticas

Cientistas mais perto de saberem quais os animais que estarão em perigo devido às alterações climáticas
Num estudo recentemente publicado pela revista científica Science of the Total Environment, uma equipa internacional de investigadores revela que existe um número superior ao esperado de populações que podem estar em risco devido ao aumento da temperatura no planeta.

À medida que os valores de temperatura sobem no planeta, muitas espécies estão a recuar nos locais mais quentes de sua distribuição geográfica, especialmente quando as temperaturas excedem sua tolerância ao calor. Ainda que existam numerosas formas de medir esta tolerância em diferentes grupos animais, pouco se sabia como estas medidas podiam ajudar a avaliar a distribuição de espécies em locais com temperaturas mais elevadas.

No estudo agora publicado, uma equipa multinacional liderada por Agustín Camacho da Universidade Autónoma de Madrid e na qual participa Miguel Carretero, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (BIOPOLIS-CIBIO) e Professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, compilou num banco de dados mais de mil registos de tolerância para várias espécies animais (mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes marinhos e artrópodes) e mostra as primeiras relações que existem entre a tolerância térmica destes animais e os seus limites da distribuição geográfica em regiões mais quentes.

Entre outras descobertas realizadas, verificou-se que em todos os grupos de animais estudados há populações mais ou menos expostas a temperaturas de risco. Isso contradiz visões mais simplistas que propõem que as espécies marinhas estariam sistematicamente em maior perigo de extinção climática.

Por outro lado, constatou-se que, nas espécies animais que estão particularmente expostas a temperaturas que desafiam sua tolerância ao calor, serão essenciais as respostas evolutivas no sentido de possuírem uma tolerância térmica intrinsecamente elevada para viverem em zonas cada vez mais quentes. 
Esta descoberta muda uma visão amplamente generalizada na comunidade científica, na qual se admitia que a evolução da tolerância ao calor não dependia da distribuição geográfica em regiões com temperaturas mais elevadas, salienta Miguel Carretero. 

Este estudo vem demonstrar a necessidade urgente de um maior conhecimento dos limites de tolerância ao calor e outras caraterísticas funcionais de muitas espécies, no sentido de identificar as populações que precisam de intervenção mais imediata perante o aquecimento global.


Artigo:
Camacho, A., Rodrigues, M. T., Jayyusi, R., Harun, M., Geraci, M., Carretero, M. A., & Tejedo, M. (2024). Does heat tolerance actually predict animals' geographic thermal limits? Science of the Total Environment, 917: 170165. 

Imagens:
Imagem 1. Agama-de-pescoço-preto, réptil presente principalmente do sudeste africano | Créditos de imagem: Agustín Camacho

Imagem 2. Escincídeo-ápodo-cego-dourado, espécie de réptil escavador presente no Moçambique | Créditos de imagem: Agustín Camacho

2024-02-22
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