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BIOPOLIS-CIBIO integra projeto europeu que utilizará a genómica para inverter a perda de biodiversidade

BIOPOLIS-CIBIO integra projeto europeu que utilizará a genómica para inverter a perda de biodiversidade
O projeto "Biodiversity Genomics Europe (BGE)” reúne cientistas de 33 entidades parceiras, provenientes de 20 países europeus, num esforço sem precedentes para aplicar a genómica na investigação da biodiversidade que irá mudar as políticas e a ciência da conservação na Europa. Aprovado no âmbito do programa Horizonte Europa com um orçamento de 17 milhões de euros, o projeto é oficialmente lançado hoje, tendo como parceiro português a Associação BIOPOLIS/CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, InBIO Laboratório Associado da Universidade do Porto).

O tempo está a esgotar-se. Uma em cada quatro espécies do planeta está atualmente ameaçada de extinção, colocando em risco os meios de subsistência, o abastecimento alimentar, e os ciclos essenciais de água e nutrientes. O conhecimento do funcionamento da vida na Terra e como esta reponde às pressões ambientais é essencial na luta para reverter a perda sem precedentes de espécies e a degradação dos ecossistemas. A genómica providencia novas ferramentas essenciais para alcançar este objetivo e o consórcio BGE representa um avanço fundamental para o seu uso alargado na Europa.

Apesar de séculos de investigação científica, estima-se que 80% das espécies do planeta ainda não foram descobertas. Mesmo para espécies conhecidas, distingui-las é muitas vezes difícil, e as interações entre as espécies e destas com o ambiente criam um cenário tremendamente complexo que é fundamental compreender. O estudo alargado de dados de ADN através da genómica permite dissecar estas interdependências e prever como a biodiversidade poderá responder às alterações ambientais. 

O consórcio BGE reúne cientistas europeus especialistas em duas tecnologias fundamentais baseadas na análise de ADN, pertencentes a duas redes europeias que se juntam pela primeira vez: a BIOSCAN Europe, que se foca na utilização de códigos de barras de ADN, e o European Reference Genome Atlas (ERGA), cujo foco se baseia em genomas completos.

Códigos de barras de ADN são sequências curtas de material genético - nucleótidos do ADN - que permitem distinguir as espécies, tal como os códigos de barras convencionais possibilitam identificar os produtos num supermercado. Com as modernas técnicas de sequenciação genética, o código de barras de ADN tem o potencial de acelerar extraordinariamente o inventário da vida na Terra e o conhecimento de como as espécies se relacionam, fornecendo uma base para a monitorização e conservação da biodiversidade a uma escala global.

Já o genoma diz respeito a toda a informação hereditária de um organismo que está codificada no seu ADN. A sequenciação do genoma determina a ordem dos nucleótidos de ADN ao longo de todo o código genético de uma dada espécie. Isto permite aos cientistas identificar e localizar genes e outras características do genoma, criando um "mapa” comparativo do código que cria cada organismo. Isto fornece uma imagem completa de como os sistemas biológicos funcionam e, de forma crucial, como as espécies respondem e se adaptam às alterações ambientais.

A Estratégia Europeia para a Biodiversidade e o Pacto Ecológico Europeu assumem compromissos claros de enfrentar desafios como o declínio dos polinizadores, a deterioração das principais áreas terrestres, de água doce e habitats marinhos e o impacto de espécies invasoras não nativas na biodiversidade. O Consórcio BGE financiado pelo programa Horizonte Europa representa um grande investimento na ciência genómica europeia e fornece meios para atingir esses objetivos.

"A implementação de monitorização dos ecossistemas de forma padronizada à escala internacional é um objetivo fundamental para a adequada gestão da Biodiversidade. BGE é um projeto ambicioso que reúne múltiplas valências de diversas infraestruturas europeias e alia métodos tradicionais de monitorização da biodiversidade com as mais recentes técnicas moleculares.” Salienta Sónia Ferreira, investigadora da Associação BIOPOLIS/CIBIO-InBIO.

"O progresso científico moderno demonstra que o conhecimento da composição genética dos organismos e dos processos evolutivos é chave para guiar medidas de conservação que permitam reverter a tendência global da perda da biodiversidade. Ao juntar duas comunidades científicas especialistas no estudo do ADN das espécies, o projeto BGE irá transformar a capacidade Europeia para responder à crise da biodiversidade”, refere José Melo-Ferreira, Investigador Principal da Associação BIOPOLIS/CIBIO-InBIO. "Este projeto permitirá ainda reforçar a participação portuguesa, já alargada, na iniciativa ERGA, e promover o estabelecimento em curso de uma rede nacional para o uso da genómica no estudo e conservação da biodiversidade, com a participação de investigadores de várias instituições portuguesas”, acrescenta.

O maior projeto ligado à genómica na Europa juntará assim infraestruturas e conhecimentos de várias comunidades científicas que terão oportunidade de alinhar os esforços no sentido de compreender a biodiversidade e enfrentar alguns dos maiores desafios que o planeta enfrenta atualmente.


Imagens:
Imagem 1. Abelha (Halictus scabiosae): Exemplo de uma espécie de polinizadores, um grupo em declínio e que será foco do projeto BGE | Créditos de imagem: Rui Andrade
Imagem 2.  Mosca-das-flores (Milesia crabroniformis): Exemplo de uma espécie de polinizadores, um grupo em declínio e que será foco do projeto BGE | Créditos de imagem: Rui Andrade


Links úteis:
Project Biodiversity Genomics Europe (BGE): https://biodiversitygenomics.eu/
European Reference Genome Atlas (ERGA): https://www.erga-biodiversity.eu/


2022-09-28
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