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Que soluções para conservar a biodiversidade numa época de “MegaIncêndios”?

Que soluções para conservar a biodiversidade numa época de “MegaIncêndios”?
Num estudo publicado na prestigiada revista Science, uma equipa internacional de investigadores, que inclui o investigador Adrián Regos do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, InBIO Laboratório Associado da Universidade do Porto), são identificadas ações e estratégias emergentes que podem revolucionar a forma como a sociedade lida com o fogo.

Há milhões de anos que o fogo "natural” tem sido uma fonte de biodiversidade, mas as alterações climáticas, as mudanças no uso do solo e a introdução de espécies invasoras estão a modificar os regimes de fogo à escala global e os seus impactos na biodiversidade. O aumento da frequência de incêndios de alta intensidade está a afetar mais de 4.400 espécies altamente dependentes dos padrões temporais e espaciais dos seus habitats. 

O estudo examinou como a mudança nos regimes de fogo à escala global ameaça extinguir algumas espécies e transformar ecossistemas terrestres e propõe um conjunto de ações para promover a biodiversidade na nova era dos mega-incêndios. 

Pelo menos 15% das 30.000 espécies classificadas como em risco de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estarão ameaçadas pelas mudanças nos incêndios, sendo fundamental uma gestão ativa do fogo de forma a adaptá-lo a certas espécies ou ecossistemas.

"As mudanças nos regimes de fogo podem levar ao aumento da atividade do fogo que ameaçará espécies não adaptadas a estes impactos mais severos, ou à diminuição da atividade do fogo que reduzirá habitats-chave para muitas espécies”, refere Adrián Regos, investigador do CIBIO-InBIO.

O risco de extinção de espécies associadas à alteração do regime de fogo será maior em savanas (27%), seguido de áreas próximas a pradarias (25%), áreas rochosas (25%), zonas arbustivas (25%) e florestas (19%).

Os autores do estudo defendem que a restauração e promoção de paisagens agropastoris tradicionais criam oportunidades para equilibrar a biodiversidade com outros valores socioeconómicos em muitas regiões do mundo.

Outras ações propostas incluem a reintrodução de grandes herbívoros que reduziriam a carga de combustível da paisagem ou a aplicação de aceiros verdes baseados em espécies pouco inflamáveis.

O aumento na frequência e intensidade de grandes incêndios florestais representa um desafio social e ambiental sem precedentes e exigirá considerar os regimes de fogo no planeamento da conservação da biodiversidade, especialmente devido ao seu papel fundamental nos ecossistemas.


Artigo original: 
Kelly, L.T., Giljohann, K.M., Duane, A., Aquilué, N., Archibald, S., Batllori, E., Bennett, A.F., Buckland, S.T., Canelles, Q., Clarke, M.F., Fortin, M.-J., Hermoso, V., Herrando, S., Keane, R.E., Lake, F.K., McCarthy, M.A., Ordóñez, A.M., Parr, C.L., Pausas, J.G., Penman, T.D., Regos, A., Rumpff, L., Santos, J.L., Smith, A.L., Syphard, A.D., Tingley, M.W. & Brotons, L. Fire and biodiversity in the Anthropocene. Science, 370, eabb0355 (2020). DOI: 10.1126/science.abb0355


Vídeos:
Incêndios 2020 Xurés | Créditos : João Gonçalves

Imagens:
Fotografias de drone dos incêndios no Xurés | Créditos de imagem: João Gonçalves

2020-11-23
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