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O QUE FAZ COM QUE AS TARTARUGAS TENHAM CARAPAÇAS TÃO DIFERENTES?

O QUE FAZ COM QUE AS TARTARUGAS TENHAM CARAPAÇAS TÃO DIFERENTES?

Num estudo publicado hoje pela prestigiada revista científica Scientific Reports, uma equipa internacional, que inclui o investigador do CIBIO-InBIO Arie van der Meijden, descreveu as diferenças na capacidade das tartarugas se porem de pé após caírem de costas, com o intuito de perceber a evolução do formato das carapaças.

 

Evolução e a carapaça das tartarugas gigantes

 

Algumas das maiores tartarugas conhecidas podem ser encontradas nas Ilhas Galápagos, onde múltiplas espécies de tartarugas gigantes ocorrem. Duas formas de carapaça distintas podem ser observadas entre as espécies de tartarugas gigantes: a "abobadada" e a em formato de "sela". As tartarugas abobadadas têm carapaças muito redondas e vivem nas regiões montanhosas das ilhas. As tartarugas de sela têm carapaças mais estreitas e altas, com uma abertura frontal alargada e que realmente se assemelha a uma sela de cavalo.

 

Supõe-se que a ampla abertura na carapaça de sela seja uma adaptação que permite às tartarugas estender o pescoço para cima e alcançar cactos mais altos. Os cactos são uma importante fonte de alimento em ambientes quentes e secos, característicos dos locais onde vivem as tartarugas de sela. Nestes locais a paisagem é também muito acidentada o que aumenta o risco das tartarugas de sela caírem de costas enquanto se deslocam. Se não conseguirem virar-se rapidamente, a probabilidade de morrerem aumenta. Portanto, é possível que a forma da carapaça nas tartarugas de sela também sirva outras funções. Por outras palavras, uma das hipóteses considera que a forma peculiar da carapaça, juntamente com o maior comprimento do pescoço, sejam o resultado da evolução em resposta à necessidade das tartarugas virarem-se rapidamente após a queda. “Quisemos testar esta hipótese usando modelos de computador de tartarugas em queda”, afirma Arie van der Meijden.

 

A queda da tartaruga


Para fazer um modelo de computador, os investigadores primeiro tiveram de recriar as diferentes formas das carapaças, para depois determinar a posição do seu centro de massa. Para capturar a forma das carapaças, 89 tartarugas de 5 espécies foram fotografadas de todos os ângulos e recriadas em 3D. De seguida, para determinar a localização do centro de massa numa tartaruga viva, alguns espécimes foram colocados sobre uma estrutura especial, a qual consistia numa plataforma móvel de medição. A plataforma contém vários sensores de força, permitido assim calcular a posição do centro de massa. As imagens das tartarugas recriadas em 3D foram então analisadas num programa de computador no qual as quedas puderam ser simuladas. Este estudo traz resultados inéditos sobre as tartarugas das Galápagos e demonstram as diferenças na capacidade de se porem de pé após a queda, consoante o formato da carapaça.

 

O formato das carapaças reflete capacidades distintas


Ao contrário do que se esperava, as tartarugas de sela precisam de mais energia para voltarem a pôr-se de pé quando comparadas às abobadadas. O pescoço mais longo das tartarugas poderia, contudo, prover um aporte adicional de força e ajudá-las a virar com mais facilidade. As tartarugas abobadadas, por outro lado, requerem menos energia pois são auxiliadas pela própria forma arredondada. Esta diferença na capacidade de se virarem poderá ser uma função relacionada com a evolução do formato das carapaças. Contudo, somente com os resultados deste estudo, os autores não puderam perceber se o processo de evolução da carapaça terá ocorrido em resposta à necessidade das tartarugas porem-se de pé ou se estará relacionado com a adaptação que lhes permite alcançar plantas mais altas. Arie explica que “A partir deste estudo não podemos afirmar o que evoluiu primeiro, se o pescoço longo e com maior extensão ou se a forma da carapaça. Ainda assim, os resultados obtidos neste estudo são muito importantes pois fornecem as primeiras evidências para melhor compreender a evolução da forma das carapaças destas espécies tão emblemáticas”.

 

 

Artigo original:
Chiari Y, Meijden A, Caccone A, Claude J, Gilles B (2017) Self-righting potential and the evolution of shell shape in Galápagos tortoises. Scientific reports, 7: 15828. DOI: 10.1038/s41598-017-15787-7


Imagens:
Imagem 1. Tartarugas gigantes no Jardim Zoológico de Rotterdam. O investigador do CIBIO-InBIO Arie van Meijden ao lado de um dos membros da equipa do Jardim Zoológico | Créditos de Imagem: Rob Dolaard
Imagem 2. Equipa de investigadores e colaboradores durante estudo do centro de massa das tartarugas gigantes no Jardim Zoológico de Rotterdam | Créditos de Imagem: Rob Dolaard


Vídeo:
Voltar a ficar em pé - Tartarugas das Galápagos.| Créditos: Arie van der Meijden

 

2017-11-30
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