Cookie Policy

This site uses cookies. When browsing the site, you are consenting its use. Learn more

I understood

Novo estudo à escala global revela os movimentos verticais de tubarões e raias nos oceanos

Novo estudo à escala global revela os movimentos verticais de tubarões e raias nos oceanos
Um novo estudo liderado pela Zoological Society of London (ZSL) e pela Universidade de Stanford, e com a participação de cientistas do CIBIO-INBIO/BIOPOLIS (Universidade do Porto), mapeou os movimentos verticais de tubarões e raias na tentativa de proteger as espécies mais ameaçadas.

A primeira análise global de como os tubarões e raias usam a dimensão vertical do oceano foi hoje publicado na revista Science Advances e os investigadores esperam que essas novas informações ajudem a melhorar as medidas de gestão e conservação, anteriormente prejudicadas pela falta de dados para determinadas espécies.

Utilizando dados de 989 transmissores de satélite – que permitem estudar remotamente os animais marcados – uma equipa global de 171 investigadores de 135 instituições analisou o comportamento de 38 espécies de tubarões e raias, desde o Pacífico Norte ao Oceano Índico, e do Ártico ao Caribe.

Um total de 13 espécies realizou mergulhos a profundidades superiores a 1000 m, tenho o mergulho mais profundo sido observado num tubarão-baleia (Rhincodon typus), a 1896 m. Os dados revelaram também como algumas espécies variam a sua profundidade entre o dia e a noite muito provavelmente na procura de presas, regular a temperatura corporal, reprodução ou na tentativa de evitar predadores.

O estudo mostrou também que apesar de realizarem mergulhos profundos, 26 das 38 espécies analisadas, incluindo o tubarão-de-pontas-brancas (Carcharhinus longimanus), tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier), tubarão-martelo (Sphyrna lewini) e tubarão-seda (Carcharhinus falciformis), passam mais de 95% do seu tempo nos primeiros 250 m, onde a probabilidade de interagir com barcos de pesca é maior.

Até à data tinham sido escassos os estudos de como os grandes predadores marinhos usam a dimensão vertical, apesar do oceano ter uma profundidade média de 3,5 quilómetros e os elasmobrânquios (grupo de peixes cartilagíneos que engloba os tubarões e raias) ocuparem todas as profundidades dentro desse ambiente dinâmico.”

"Investigar como os elasmobrânquios usam a dimensão vertical do seu habitat é fundamental para não só entender a maneira como vivem, mas também para perceber como é que as atividades humanas os afetam. Isso ajuda-nos a encontrar melhores maneiras de os proteger”, refere David Curnick da Zoological Society of London e principal coautor principal do artigo.

Nuno Queiroz do CIBIO-InBIO/BIOPOLIS (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, InBIO Laboratório Associado da Universidade do Porto), salienta que "Ter um mapa tridimensional de como os tubarões e raias usam o oceano é vital para entender o papel ecológico que estas espécies desempenham, mas também determinar a exposição de cada a espécie a diferentes ameaças, como a pesca comercial e as alterações climáticas.”

Samantha Andrzejaczek, investigadora da Universidade de Stanford e principal coautora do artigo, acrescenta: "Este enorme conjunto de dados fornece novos conhecimentos sobre os padrões globais de movimentos verticais dos tubarões e raias. É um passo importante para que espécies estão mais ameaçadas, mas também como o aquecimento e a desoxigenação dos oceanos podem influenciar a sua distribuição vertical.

À medida que o mundo se aquece devido às alterações climáticas, prevê-se que a estrutura vertical do oceano também mude. Assim, uma melhor compreensão do comportamento destes predadores marinhos pode ajudar a prever melhor as suas distribuições no futuro, melhorar a gestão e conservação de muitas espécies, como por exemplo, tornar mais eficientes as medidas de redução das capturas que ocorrem acidentalmente durante a pesca.

Artigo original: 
Andrzejaczek S., et al. (2022). Diving into the vertical dimension of elasmobranch movement ecology. Science Advances.

Imagens:
Imagem 1. Imagem de tubarão-de-pontas-brancas | Créditos de imagem: Mark Royer
Imagem 2. Imagem de jamanta com transmissor de satélite | Créditos de imagem: Guy Stevens

2022-08-19
Share this: